Rua Pio XI, 1771 - Sala 03, Alto de Pinheiros - São Paulo/SP
- (11) 3467-9071
- 93145-9016
Sete em dez brasileiros se preocupam com práticas sustentáveis de empresas; veja como adaptar seu negócio e atrair clientes
Dias mais quentes, tempestades de areia e seca que ameaça a produção de energia elétrica. Nenhum desses eventos são aleatórios.
Dias mais quentes, tempestades de areia e seca que ameaça a produção de energia elétrica. Nenhum desses eventos são aleatórios. De acordo com Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, produzido pelo Projeto MapBiomas, o país perdeu 158 hectares — o equivalente a um Parque do Ibirapuera — por hora em 2020. A questão ambiental já preocupa consumidores, que passaram a selecionar as empresas pelas boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, ou seja, aquelas que mantêm preceitos ESG. Segundo especialistas, iniciativas que fazem a diferença para a sociedade podem ser adotadas tanto por grandes empresas quanto por negócios de bairro.
A nova pesquisa global sobre sustentabilidade lançada pelo Capterra revelou que sete em cada dez brasileiros dizem que as ações sustentáveis de uma empresa influenciam, em algum grau, quando escolhem produtos ou selecionam fornecedores. Esses clientes ainda estão dispostos a pagar 20% mais caro nos itens sustentáveis.
Um outro levantamento, elaborado pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) e divulgado nesta semana, mostrou que 76,1% dos consumidores do Estado do Rio consideram a preservação do meio ambiente em seus hábitos. Desse grupo, 58,4% aprovam pagar pelas sacolas feitas de fontes renováveis; 81,1% estão dispostos a devolver as embalagens após o consumo; e 50,2% reduzem o uso de papel e produtos descartáveis.
A CEO da consultoria Resultante ESG, Maria Eugênia Buosi, afirma que a adaptação ao ESG é uma jornada e que não há necessidade de ter pressa para concluir o processo. O primeiro passo é estabelecer uma agenda de regulação com base em dois princípios: a proporcionalidade e a relevância.
— A relevância é priorizar o que é importante na sua área de atuação, enquanto a proporcionalidade é ter estrutura para olhar para essa agenda — explica Maria Eugênia: — Não é uma corrida de Fórmula 1. Se quiser gabaritar tudo em seis meses, corre o risco de ir para o lado errado.
A CEO ainda diz que empresas com boa gestão dessas agendas têm retorno financeiro acima do mercado por serem melhor geridas. Além disso, pequenos e médios negócios com boas práticas têm maiores chances de negociar com companhias de grande porte.
— Não adianta uma multinacional fazer a coisa certa e comprar de quem não faz. É preciso olhar a cadeia de valor. Por isso, fornecedores que têm essa preocupação largam na frente — observa.
A adaptação pode começar com pequenas mudanças que não incluem custo. Pelo contrário, podem representar economias para o caixa. A coordenadora de Comunidade Sebrae Rio, Carla Panisset, sugere começar evitando desperdícios.
— Se for um dono de padaria, pode se perguntar: posso usar menos farinha? Posso optar pela energia solar? Como estou lidando com os resídios que gero? — exemplifica: — Há empresários que passaram a cuidar da praça próxima a eles, como forma de contribuir com a sociedade.
Carla ainda ressalta que é importante não olhar apenas para o lado ambiental, mas também ter metas sociais e de governança. Nesse sentido, propõe traçar plano de carreira para os funcionários e criar um canal interno para reclamações ou elogios de clientes.
Metas claras já firmadas para próximos anos
Grandes empresas têm adotado iniciativas para reduzir os dados gerados por seus negócios e, em paralelo, atrair clientes com a postura. A Arcos Dourados, responsável pela operação do McDonald’s na América Latina, assumiu o compromisso de reduzir em 36% as emissões de gases de efeito-estufa dos restaurantes e escritórios até 2030 e em 31% de toda a cadeia. Além disso pretende, até 2025, produzir 100% das embalagens com fontes renováveis, recicladas ou certificadas.
A marca de roupas Amaro, por sua vez, consolidou os pilares de responsabilidade social e ambiental desde sua fundação, em 2012. No ano passado, reciclou 30 toneladas de papelão e economizou cem mil litros de água, devido à modernização de processos de produção, principalmente na categoria de jeans. Até 2022, a meta é reduzir em 10% a pegada de carbono e, um ano depois, usar 100% de plástico reciclável em embalagens.
— Fizemos uma pesquisa com clientes, em maio, que mostrou que 64% querem comprar de maneira mais sustentável, e 76% se interessam pelo tema — contou Denise Door, diretora de Marketing.
Enfrentar as mudanças climáticas
A Natura &Co, que engloba as marcas Avon, Natura, The Body Shop e Aesop, foi uma das pioneiras ao incluir como estratégia de negócio a preocupação ambiental. Com o objetivo de enfrentar as mudanças climáticas, pretende obter emissões líquidas zero de carbono até 2030, 20 anos antes do compromisso firmado pela ONU. Além disso, o grupo — que preserva 1,8 milhão de hectares de terra da Amazônia — quer contribuir para a preservação de três milhões de hectares nos próximos nove anos.
Também tem como desafio aumentar o uso de plástico reciclado para 50% nas embalagens e garantir a circularidade da fórmula, com o uso de 95% de ingredientes renováveis e 95% de fórmulas biodegradáveis até 2030 em todas as marcas.
“Entendemos o momento crítico em que vivemos e o papel que as empresas precisam desempenhar para se comprometerem com uma sociedade melhor, mais sustentável e mais inclusiva”, declarou Roberto Marques, presidente executivo do Conselho e CEO do Grupo Natura &Co.
Como adaptar seu negócio aos preceitos ESG?
1) Olhe para o produto que está fornecendo:
Analise como esses produtos poderiam ter um impacto menor sobre o meio ambiente e sobre a sociedade. Trace uma estratégia e coloque em ação.
2) Aperte os parafusos:
Olhe para os seus processos a fim de descobrir se há desperdícios e como você poderia gerar menos resíduos e desperdiçar menos energia.
3) Envolva todo mundo:
ESG não é um assunto que deve preocupar apenas o dono do negócio ou um diretor específico. Toda a empresa deve estar envolvida. Se for incorporado à cultura da organização, torna as pessoas mais engajadas e produtivas.
4) Estabeleça metas:
É importante que a empresa não desenvolva apenas metas financeiras, mas também operacionais, com prazos determinados.
5) Tenha uma comunicação cara:
Comunique os objetivos de forma verdadeira, informando as metas, os compromissos e desafios. Não faça uma falsa propaganda de que é 100% sustentável se ainda esta percorrendo a jornada. Esteja apto a dizer o tem, o que precisa e o que ainda falta.
Onde buscar conhecimento?
O Sebrae tem uma série de cursos gratuitos, consultorias e conteúdos próprios para quem quer implementar práticas de ESG. Informações podem ser consultadas através do telefone 0800-570-0800.
Além de ser uma preocupação na hora de consumir, a agenda ESG é um dos pontos a serem considerados ao fazer investimentos. Para se aprofundar no assunto por esse viés, o investidor pode acessar gratuitamente um curso on-line de seis horas oferecido pela B3 (Bolsa de Valores Oficial do Brasil).
Dica de quem já começou
Amaro:
"Para ajudar empresas que buscam fazer mudanças e seguir o passo da AMARO, além de disponibilizar o relatório técnico sobre o trabalho dos últimos três anos, também criamos todo o passo a passo para implantação dessa iniciativa por meio de um manual, que está público no site, justamente para estimular outras empresas a seguirem o mesmo caminho.Então todas as empresas que querem começar esse movimento e fazer a diferença, podem acessar nosso material completo, que disponibilizamos detalhes, inclusive de quais são os nossos parceiros nesse projeto", conta Denise Door, diretora de marketing da AMARO.
Arcos Dourados:
"Nossa maior dica é que todas essas ações sejam feitas de forma genuína. Além disso, é muito importante conhecer profundamente seu negócio para que seja possível identificar pontos de melhorias e evolução, buscando reduzir os impactos negativas e a implementação de iniciativas em prol da sociedade e do meio ambiente. Vale lembrar que é importante buscar documentos governamentais como direcionadores e entender as exigências do setor", aconselha a empresa.