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Dólar encerra último pregão do ano com desvalorização

Alta acumulada do ano foi de 12,15%, a maior desde 2008.

Fonte: G1

Após ensaiar valorização na manhã desta quinta-feira (29), o dólar mudou de rumo e fechou em baixa o último dia oficial de negócios.

Oficialmente, o dia de hoje é o último pregão no mercado de câmbio brasileiro. Na sexta-feira, porém, haverá operações de câmbio no mercado oficial à vista - previstas para se encerrarem por volta do meio-dia, conforme explica o analista internacional Jason Vieira.

Nesta quinta, a moeda norte-americana desvalorizou 0,26%, a R$ 1,8685 para venda. Na sexta-feira, porém, haverá operações de câmbio no mercado oficial à vista previstas para se encerrarem por volta do meio-dia.

Na véspera, o dólar fechou a R$ 1,8735 para venda, o que representa alta de 0,73%.

No mercado de ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou o último dia de negócios de 2011 com leve valorização nesta quinta-feira, mas caiu 18,1% em 2011.

Em dezembro, a taxa de câmbio subiu 3,07%, e no acumulado de 2011 saltou 12,15%, maior alta percentual desde a disparada de 31,29% em 2008, ano em que os mercados financeiros foram abalados pela maior crise financeira desde o pós-guerra - no dia 29 de dezembro do ano passado, o dólar fechou cotado a R$ 1,666.

Intervenções do governo
O ano contou com importante intervenção do governo no mercado de câmbio, mas com objetivos diferentes. No primeiro semestre, o dólar estava ladeira abaixo, atingindo em 26 de julho o piso do ano a  R$ 1,5388 na venda, menor cotação desde 1999, quando o país voltou a adotar o regime de câmbio flutuante. Isso ocorria por causa do forte fluxo de dólares que o país recebia, com investidores estrangeiros em busca de bons rendimentos no país.

Um dia depois, o governo anunciou a cobranca de IOF de 1% sobre posições vendidas líquidas com derivativos de câmbio, com a alíquota podendo ser elevada para até 25%. A MP determinou ainda que o Conselho Monetário Nacional (CMN) passava a ser o responsável pela coordenação da supervisão de todo o mercado de derivativos, algo que cabia à BM&FBovespa.

Oscilações em 2011
A moeda oscilou bastante ao longo de 2011. No fim de julho, atingiu uma das cotações mais baixas dos últimos 12 anos e meio (1999). No dia 26, a moeda norte-americana fechou cotada a R$ 1,538.

Menos de dois meses depois, em setembro, a moeda migrou para o extremo oposto, ao atingir a maior cotação desde setembro de 2009. No dia 22, o dólar fechou vendido a R$ 1,90.

Setembro foi um dos meses de maior volatilidade para a moeda dos Estados Unidos. O dólar Ptax – taxa calculada pelo Banco Central que equivale à média das cotações do dia e é usada como referência para os ajustes de contratos futuros e outros derivativos de câmbio – acumulou valorização de 16,83%. Com esse resultado, o dólar registrou a quinta maior valorização mensal desde junho de 1994, ano do início do Plano Real.

No mundo
O ano foi de perdas nas bolsas do mundo e o desempenho do Ibovespa não ficou muito atrás de outras praças, espcialmente das europeias.

O patamar do principal índice brasileiro foi praticamente o mesmo do DAX de Frankfurt, o CAC-40 de Paris e o IBEX de Madri, que devem terminar o ano com desvalorização anual em intervalo negativo compreendido entre 17% e 22%, dependendo dos resultados do pregão de amanhã.

Ao se considerar outros mercados emergentes, o nosso índice também não ficou muito distante. O indicador chileno cedeu perto de 15%, o da Índia se desvalorizou 23% e o da Rússia caiu 22%.

Em Londres, O FTSE 100 deve terminar o ano em patamar um pouco melhor, próximo de 8% de queda. Em Wall Street não houve grandes prejuízos ao longo de 2011, já que as bolsas por lá já tinham começado o ano em patamares ruins. O Dow Jones deve terminar 2011 com valorização próxima de 6%, enquanto o Nasdaq e o S&P 500 devem ter perdas modestas, próximas da 2%.

Perdas mais fortes aconteceram em mercados que foram palco dos principais eventos da crise ao longo do ano: o mercado grego perdeu pouco mais da metade de seu valor de mercado, com desvalorização próxima de 52% do principal indicador da bolsa de valores de Atenas, enquanto o FSTE MIB, da bolsa italiana em Milão, cedeu em torno de 28%.

Perspectivas para 2012
Para o ano de 2012, profissionais do mercado apostam que o mercado de câmbio continuará atrelado aos desdobramentos da crise externa, sobretudo na Europa.

"Foi um ano bem agitado (2011), e acho que pelo menos no primeiro trimestre de 2012 vamos ter uma indefinição no câmbio", afirmou o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, atribuindo a falta de tendência para o dólar às incertezas que devem continuar permeando a crise na zona do euro.

Para Knauer, que trabalha com a perspectiva de um ano "difícil" para os mercados, mas sem ruptura, o dólar pode inclusive ter espaço para cair no segundo semestre, caso as inquietações com a Europa sejam amenizadas e a economia dos Estados Unidos mantenha uma trajetória de recuperação.

O economista da CM Capital Markets Mauricio Nakahodo acredita que o espaço para desvalorizações do dólar tende a ser limitado no próximo ano, especialmente devido a perspectivas de menores ingressos de recursos em meio à expectativa de continuada queda da Selic, que torna os ativos brasileiros menos atrativos. A Selic está atualmente em 11% e o mercado prevê, com base no relatório Focus, que a taxa possa cair a 9,5% no final de 2012.

"Além disso, devemos ter menos IED (Investimento Estrangeiro Direto) e o superávit da balança comercial vai ser menor. Tudo isso se traduz em menos fluxo", acrescentou.

De acordo com o Focus, o mercado estima que o dólar termine o primeiro trimestre de 2012 em R$ 1,80, com o segundo trimestre a R$ 1,78, o terceiro a R$ 1,75, ficando nesse patamar até o final de dezembro.

Com informações do Valor Online